4 de abril de 2011




PALAVRAS SÃO SÓ PALAVRAS,

o resto sempre falta



...e do escuro mais profundo um resto de nada solta

do tamanho do mundo...


(Roberto Carlos)



O que faço a cada dia além de esperar?

A sensação que tenho que que os dias passam rápido demais, e tudo vai envelhecendo, sem tempo que eu desfrute. Fico pela manhã com um gosto amargo do que foi.

Acho que vivi demais e chorei demais, perdi tempo com tolices, dormi muito , perdi as horas, perdi os filmes, não vi a caminhada, não acordei. Adoeci e exercitei a preguiça.


Olhei aquela moça que ria alto ao atravessar a rua, olhei por olhar e senti inveja do quanto ela conseguia equilibrar-se no salto alto, fiquei com ela na retina e com a inveja de seu equilibrio. Eu sempre atravesso a rua na faixa de pedestre, por educação e por medo. Ela atravessou no cruzamento, não olhou para os lados, falava ao celular com alguém que lhe fazia feliz.


Ela se perdeu pela calçada e eu esqueci a cor da sua blusa, voltei a olhar para o fundo


Surpresa, vejo que resta um tanto de água no poço.





1 de março de 2011




História antiga

Ana me abandonou, esqueceu de mim?
Por isso fico assim, tosca e cheia de metáforas.
Preciso me livrar do cheiro da Ana, do gosto da Ana, do rosto da Ana.
Vou me calar, porque sei , Ana não me escuta mais, agora a solidão é minha melhor amiga, daquelas amigas chatas
.
A solidão bloqueada, rejeitada, acaba por ressurgir enquanto finjo adormecer.
Encostada em almofadas brancas , repouso ombro e cabeça, que nada mais pensa, apenas rodopia e já se eleva a existência.
Vou criando assim espaços quase siderais , decorando ambientes semi- angelicais, onde nada me persegue, onde só o vento ronda leve, onde o frio não estremece, onde poros e pelos são nossos elos.
Nessa ausência, hoje amiga, fracionada em instantes , faz o verde dos olhos de Ana, contemplar o vazio sempre. Jade, o vazio presente! É o eterno silêncio rondando, modelando o único resto de nós.
Conjugado já , o verbo dissimulado, pontuando nossa história em sua canção fractal, vejo nítido esse amor fragoso, velado por chaves tortas, guardado no fundo das nossas almas medrosas.
_Serão o sempre os olhos meus ?
_Olhos quereres quase verdes, teus, Ana .
_Serão eles que enxergarão na sua letra métrica , cantanda no tom agreste nossa repetida dor?
_Provoca-me o riso fácil, e me tem tão rapidamente de novo, faz-me subir sua ladeira, compondo. Rezando pelo novo reencontro, pela velha história ou pelo simples colorido de Olinda, pelos seus olhos Ana.
_Quem dará o tom folia?
_Não serei eu Ana.
Esperemos amor o fim da fase ferrugem, que faz a saudade corroer, tentemos enganar a distância, cortando vales e selando corpos. Aquietemos amor, nossa história é frevo-fado! E a folia desse carnaval irá passar na 5af feira.
(Trechos de Trinta e uns)

24 de fevereiro de 2011

TRINTA E UNS - Reunião de escritos




entre 1999 e 2002 chorei demais, ri demais, ousei demais e escrevi demais

Foi quase doença, prolixidade na ponta dos dedos.....


no inicio de fevereiro de 2011, revirando caixas em busca de um documento, achei os rabiscos de Trinta e Uns (esboço de um livro que escrevi nessa época), tinha pra mim que eles foram jogados fora nas últimas duas mudanças de casa. confesso que foi estranho achá-los e com um gelo na nuca folha-los foi mais estranho ainda. Mas fiquei surpresa comigo, muita coisa mudou em 10 anos e outras continuam igualzinhas....

a partir de hoje começarei a postar parte de Trinta e Uns (Reunião de escritos)...


"minhas notas ressoam

cantam

embalam

sancionam

revelam minhas verdades

minha compisição perdida

ao te ler

me escuto"


Abro assim Trinta e uns......


(Saudades de escrever em blogs!!! )

Elos











são longos fios

me enrolando madrugada afora

roubando a sensatez

minha tola estupidez

velha consciência formada

por anos concretos

que forjaram o certo

catalogaram errados

nossos elos

ternos encontros cantados

formando nosso enredo

esboçando

nossa inconstância

desse feminino desigual


(Trinta e Uns)